"Olha-me de novo. Com menos altivez. E mais atento"

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Palavras da inquietude...

Escolher palavras é como escolher as peças de roupa que você usará, hoje. As minhas, comumente, são bem coloridas, palavras/ roupas, ou versa-vice.
 Mas, se tem algo que acaba com o brilho das palavras/ roupas é andar de ônibus por longo e rastejantes minutos sem ter sequer, uma distração.
Atos sem sentido se agarram em qualquer coisa com algemas desconexas, mas que naquele momento, fazem todo o sentido.
E seus olhos se arregalam como uma janela infundada, num porão.
O "Então, é isso" cai ao chão como a maçã de Isaac Newton e, depois, fica tão difícil de carregá-lo e tentar jogá-lo janela à fora...
Um suspiro, então, lhe incorre, como uma pá cavando bem fundo em seu pulmão...
Alimentar o corpo de oxigênio se assemelha com passar um "limpa-vidro" na mente.
Entretanto, é melhor que as lembranças se recolham e que o destino fique cada vez mais próximo.
Já não há mais outdoor que lhe prenda os olhos e, o corpo já não se acomoda mais com a posição ofertada pelo acento.
"Que tal uma música?" - tal frase sai pela boca, dá um duplo twist carpado e voa em rodopios - "Mas que música?" - essa sai feito líquido, escorrendo pela boca - E até que se pense numa distração, sua parada já é a próxima...
Você levanta, deixando um lamaçal de palavras desencadeadas no espaço em que ocupou.
Algumas se agarram nas suas pernas, mas mal conseguem descer as escadas do automóvel.
Você desce, a porta se fecha e você só consegue pensar na fome que lhe devora...
Amanhã, uma nova batalha...