"Olha-me de novo. Com menos altivez. E mais atento"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Faz um mês exato que falho contigo. Faz um mês exato que inspirações me faltam. Não nos dias, na escrita. Queria pôr-me em versos de forma comedida. E as palavras que expus para mim mesma, não pude lembrá-las, uma a uma. No falar, o desenho de mim surge naturalmente, o que não ocorre quando escrevo. Tento não assustar as pessoas com a verdadeira imagem de mim. Talvez seja por isso que não saia do jeito que eu espero.
Costumo dialogar comigo mesma quando quero ser sincera a uma pessoa e não posso. Sempre que preciso me censurar, procuro conversar comigo mesma para chegar a um consenso só meu. E hoje, não muito diferentemente, fazia-o enquanto limpava do rosto o creme contra acne. Era algo do tipo:
"Não me peça sinceridade enquanto me olhas com olhar de clemência.
Não me julgo forte o suficiente para cravar uma estaca ao peito de alguém.
Não, não tenho vocação para Santa. Tampouco peço santidade para mim.
Gostaria de ser página rica de um livro raro. Palavras bonitas de um poema caro.
Gostaria de ser ponta de lápis. Ser caneta de pena. Ser papel timbrado. Assim, toda delicadeza.
Não sou tapa, soco ou beliscão. Mas sou olhos semi-cerrados, baixos e pesados.
Sou tudo que desenho pelos dias:
Meus olhos inchados e marcados de roxo, embaixo, quando acordo.
Sou meu hálito amargo da madrugada. Sou minha pele que recusa a receber a quentura dos dias.
Sou meu mau humor matinal. Sou minha sensibilidade da meia-noite.
Sou eu e minhas alergias. Sou eu e meu cálculo renal.
Sou eu e minhas inseguranças, minhas euforias, minhas taras, minhas manias.
Eu muito gostaria de ser memória de infância. Ser fruta mordida, há pouco roubada de uma árvore.
Queria ser minhas tardes trepada em árvores. Queria ser minhas brincadeiras de infância.
Ser a pedra que soltava de minha baladeira, tão livre. Ser a amarelinha que pulava, tão presa ao chão.
Passo dias a divertir-me com as pessoas. Passo noites a consolar-me com meu travesseiro.
Sou o fardo que carrego comigo. Minha paciência descabida. Meu estresse desmedido.
Sou aquilo que sempre quis escrever. Aquilo que revelo-me a mim mesma quando me encontro com meu eu.
Sou a imagem que vejo refletida no espelho. Cheia de defeitos. Cheia de defeitos. Cheia deles."

Não, blog, não foi bem isso que pensei. Queria mais profundidade nas palavras e pouco consegui rodeada de informações desnecessárias.
Eu estou sofrendo com minha rinite alérgica que não suporto a ideia de escrever mais.
Portanto, por aqui chega!
Beijos